Quando Don McLean cantou
"but something touched me deep inside, the day the music died" em
American Pie ele estava se referindo ao dia 03 de fevereiro de 1959, quando Buddy Holly, Ritchie Valens e The Big Bopper morreram num acidente de avião. Quem não sabe ou não lembra, assista ao filme
La Bamba para refrescar a memória.
Mas não é disso que eu quero falar. Hoje, dia 05 de abril, é o dia da morte de Kurt Cobain e de Layne Staley. São 19 anos sem Kurt e 11 sem Layne - preparem-se mundo, ano que vem o grunge vai voltar com tudo e só vai se falar em Cobain (só pf Dave Grohl, não siga os planos de voltar com o Nirvana com PJ Harvey no vocal). Falei de American Pie ali em cima porque dia 05/04/94 foi o dia que a música morreu de novo.
Em 2011 assisti ao Seminário Internacional da Comunicação que estava comemorando os 100 anos de McLuhan. Agora não lembro se foi o próprio McLuhan quem falou isso em seus livros ou se foi o filho dele que mencionou na palestra, mas um deles disse basicamente que a televisão influenciou na formação do músico como mito - rockstars cheios de atitude usando roupas espalhafatosas em videoclipes e programas de tv. Imagine David Bowie na fase Ziggy Stardust - peraí, imagine David Bowie em
qualquer fase -, Robert Plant mais diva do que qualquer mulher, Mick Jagger e suas danças
sensuais, Ozzy Osbourne, Jon Bon Jovi, Axl Rose. O próprio Kurt e o Nirvana, que conseguiram fazer com a sua música e o seu estilo
underground se tornassem totalmente
mainstream a ponto de definir uma geração. Essa figura que admiramos de longe, que penduramos posters nas paredes do quarto, e que em algum momento da nossa juventude quisemos tanto
ser eles que a palavra "stalker" não era o suficiente para nos qualificar.
Ok, ou talvez fosse só eu.
Afinal de contas, quem pode dizer que decidiu colocar uma argola no nariz por causa desse cara?
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Shannon Hoon, seu lindo |
Mas o fato é que, se juntarmos a teoria(ou sei lá o que é isso) do McLuhan com
A Cauda Longa de Chris Anderson, faz sentido pensar que os anos 90 foram decisivos para a mudança de comportamento da sociedade. Kurt Cobain não foi o último ídolo do rock e o grunge não foi o último movimento musical simplesmente porque "a música ficou ruim" - embora tenhamos que admitir que a coisa ficou meio tensa com a febre Pop da virada do milênio - , mas sim porque o mito do rockstar deixou de existir junto com ele. Segundo Anderson, a internet descentralizou a informação, fazendo com que aquele comportamento de "massa" se tornasse um comportamento de nichos. Hoje em dia sabemos e temos diversos estudos que comprovam que o consumo não é mais
mainstream X
underground, e o mesmo aconteceu com a música. Talvez lá por 2001, bandas como os Strokes e outras tantas que tentaram reviver Velvet Undeground e Beatles à moda indie, tenha existido um movimento mais popular, mas desde então são tantas bandas e tantos estilos diferentes que podem ser acessados tão facilmente, que na verdade o que sobrou do
mainstream é o nicho adolescente que ainda escuta Jovem Pan. Ou o nicho "brasileiro que vai na festa mas não presta atenção na música porque tá mais preocupado em caçar".
Não sei se consegui me explicar. Teoricamente terei que abordar esse assunto na monografia, mas infelizmente não com essas palavras. Chatiada.
É 01:38 do dia 06/04, não preciso fazer sentido, ok?!